15 junho 2013
"São os cabrões dos teus lábios.
E o cheiro. Ah, o teu cheiro. Como se todos os prazeres do mundo estivessem ali, e basta o teu cheiro para estar vivo ser uma experiência útil. Não há, entre nós, senão a certeza de que nada nos amamos para além dos corpos, dois pedaços de matéria que nem alma exigem para nos ocuparem todos.
O que importa amar quando nos queremos assim?
E o sabor do teu sexo. O toque eterno da tua pele na minha, a cama e o parque de diversões de nos bastarmos para nada nos faltar. Perdemos a morte sempre que nos juntamos. Tu vens, sorris, passas a mão ao de leve nos contornos do meu pescoço, e todas as verdades se extinguem, todos os problemas se reduzem à pequenez do que não nos estremece.
O que importa a alma quando nos tocamos assim? E as palavras. Até as palavras me excitam.
O que importa o amor quando se ama assim? E as noites que percorremos à procura do que ainda não conseguimos descobrir: um centímetro a mais, um olhar excitado, a bondade de Deus quando nos criou a pele.
Não sei de ti mais do que aquilo que me serve: o tesão do teu olhar quando sorris, o gemido rouco do teu contentamento, a dança lenta e surda das tuas ancas, a forma das tuas costas quando te recebo.
Nenhuma noite tem mais luz do que a nossa, e até o amor está a mais quando duas peles comunicam assim. O que importa o sonho quando se é real assim?"
Pedro Chagas Freitas
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