Aquilo que «actua» sobre mim só actua porque eu o escolhi como actuante.
Não é porque alguém me ofenda que eu reajo violentamente, mas sim porque escolho tal ofensa como «móbil» da minha reacção.
Tal escolha, porém, de um móbil, posso não reconhecê-la senão depois de se manifestar.
Assim são normalmente os meus actos que me esclarecem sobre o que realmente sou, sobre aquilo que realmente escolhi, sobre a minha liberdade.
Mas isso não significa que eu seja «inconsciente», já que, segundo Sartre, o homem é consciência de ponta a ponta, em todos os seus aspectos.
Simplesmente, há consciência posicional, reflectida, e consciência não-posicional, não reflectida. A minha liberdade é de facto consciente, mas só os meus actos claramente ma revelam.
Em qualquer situação portanto, eu «sou consciência de liberdade».
Assim a minha liberdade é o estofo do meu ser.
Vergílio Ferreira Prefácio/Ensaio para "O Existencialismo é um Humanismo", de Jean-Paul Sartre
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